Quando uma garota se arrasta penosamente, debaixo de chuva, no meio da noite, para bater na porta da casa do diabo, este deveria no mínimo ter a decência, se não a indecência - de atender.
É exatamente assim que a história de Uma Semana para se Perder começa. E foi neste primeiro parágrafo que o livro me chamou a atenção. Dai em diante não deu mais para deixar de lado o romance de Tessa Dare.
Confesso que nunca tinha lido nada da autora, e sua escrita me encantou. Fiquei ansiosa para saber como seria o desenrolar e o desfecho da história. E quando terminou, fiquei com um gostinho de quero mais.
Nossa moçoila deste romance é Minerva Highwood. Geóloga apaixonada, daquelas de passar horas sumidas, dentro de uma caverna, ou simplesmente absorta pesquisando pedras e rochas em seus passeios rotineiros.
Adorava livros. Tanto que lia-os enquanto caminhava, por isso diziam sempre que ela vivia nas nuvens e que era esquisita... Diferente.
"Mas Minerva era diferente. Ela sempre foi diferente. Das Três irmãs Highwood, ela era a única com cabelos escuros, a única que usava óculos e a única que preferia botas com cadarço a sapatilhas de seda. E também era a única que se preocupava com as diferença entre rochas sedimentares e metamórficas. A única sem pretendentes, e sem reputação para proteger... Sem graça, estudiosa, absorta, desajeitada com os cavalheiros. Em poucas palavras: sem salvação."
Tudo sempre pareceu normal na vida de Minerva, pois ela já tinha se acostumado aos comentários da pequena Vila de Spindle Cove, até a chegada de um certo lorde, que aos olhos de todos estava se "engraçando" com uma de suas irmãs. A mãe fazia bom grado de um futuro casamento, mas Minerva não. Ela não poderia jamais permitir que aquele homem mulherengo, cafajeste, sedutor, um caso perdido de confusões por onde passava, cortejasse sua irmã Diana, que era frágil, doce e singela.
Com toda a sua determinação e coragem, Minerva uma noite se viu batendo a porta daquele homem para persuadi-lo a deixar sua irmã em paz por bem ou por mal, propondo uma grande aventura cheia de recompensas.
"O vento inflou seu capuz e o jogou para trás.A chuva fria transpassou sua nuca, piorando sua situação... Ela ergueu o punho e bateu na porta com a força renovada...
- Lorde Payne, eu sei que está aí!
Homem vil, zombeteiro. Minerva ficaria ali mesmo, parada naquele lugar, até que ele a deixasse entrar, mesmo que a chuva fria de primavera a molhasse até a medula. Ela não subira toda aquela distância, da vila ao castelo, escorregando no musgo que aflorava pelo caminho e abrindo sulcos na lama, só para marchar de volta para a pensão pelo mesmo caminho, derrotada..."
Colin Sandhurst Payne, ou Lorde Payne, era um homem mulherengo. Gostava da vida boêmia sim, mas tinha lá seus escrúpulos. Solteiro convicto, dono de invejável fortuna, (confiscada por seu primo, até o aniversário ou um futuro casamento de Colin). Porque deixando seus bens nas mãos de Colin, com certeza este, já teria gasto tudo com mulheres, jogatinas e bebedeiras. Um verdadeiro aventureiro (mas que eu digo que ele é de se apaixonar). Nas palavras de Minerva o Sr. Colin era:
"Minerva se considerava uma pessoa razoavelmente inteligente, mas Santo Deus... homens bonitos a imbecilizavam. Ela ficava tão desorientada perto deles; As vezes uma observação provocadora de Lorde Payne a deixava totalmente em silêncio.Era notável. A barba de um dia por fazer servia para enfatizar as linhas fortes de seu maxilar. O cabelo castanho despenteado acrescentava um toque maroto. e aqueles olhos... os olhos dele pareciam diamantes Bristol.
Durante a conversa, nem um pouco amistosa, Minerva propõe a Colin uma parceria. Que ele fosse seu acompanhante em uma viagem de uma semana ate a Escócia, para que ela pudesse apresentar a Sociedade Geológica Real suas descobertas. Um simpósio onde Minerva faria uma palestra, da qual tinha a certeza que ganharia o prêmio de melhor apresentação e o daria todo para Colin, quinhentos guinéus.
"Colin ficou parado, observando-a por um instante.
- Veja bem, não estou concordando com esse plano. Mas hipoteticamente, como você vê isso acontecendo? E como é que sua querida mãe vai receber essa notícia, quando descobrir que você fugiu para a Escócia com um lorde escandaloso?
- Vamos encenar uma fuga. Nós viajamos até a Escócia, eu apresento minhas descobertas e recebo o prêmio. Depois dizemos a todos que simplesmente não deu certo.
- Então você vai simplesmente voltar a Spindle Cove, sem se casar, depois de semanas viajando comigo? Você não percebe que estará...
- Arruinada perante a sociedade? Eu sei.
Para Minerva Highwood o plano era perfeito. Já para Lorde Payne isso tudo era uma grande loucura.
O barulho distante de cascos e rodas de carruagem fez o chão tremer. Enquanto eles se entreolhavam, o som foi ganhando força.
- Essa deve ser a carruagem, disse ela.
Colin olhou para a estrada. Sim, lá vinha ela. O momento decisivo.
Afastando-se dele, ela ficou na ponta dos pés e abanou os braços sinalizando para o cocheiro.
Enquanto a carruagem parava, ela pegou o menor baú. Minerva olhou para ele, sorrindo.
- Última chance. Você vem ou não?"
Com certeza eu digo que vocês deveriam ir ... se perder de amores por Lorde Payne. Rir das confusões que acontecem nessa aventura, explorar junto com Minerva o corpo másculo e escandalosamente lindo de Colin em nome da ciência, como bem diz Minerva.
Tenho certeza de que assim que você chegar na última página, vai querer explorar (risos) tudo de novo.