Aos 17 anos Clio Whitmore ficou noiva de Piers Brandon, o herdeiro do Marquês de Granville.
"O belo e autoconfiante herdeiro do Marquês, obedeceu aos desejos de ambas as famílias e lhe propôs casamento. Ele se ajoelhou na sala de estar dos Whitmore e colocou um anel de ouro e rubi no dedo dela. Clio sentiu como se estivesse sonhando."
O que era para ser o sonho de qualquer garota, se tornou um pesadelo pra lá de complicado.
"...Eles tinham todo o tempo do mundo, Piers disse. Ela não se incomodaria com um noivado longo, certo? Claro que não, ela respondeu. Em retrospecto, pensava que talvez devesse ter dado uma resposta diferente ao noivo. Como, por exemplo, Defina longo.
Clio sempre foi educada para ser uma grande dama da sociedade. Uma bonequinha de luxo perfeita para um diplomata da Inglaterra.
Uma moça de beleza simples e marcante. Educada, inteligente, forte e determinada, que não achava nem um pouco atraente a vida que estavam planejando pra ela. Estava cansada de esperar que seu noivo retornasse de suas longas e intermináveis viagens para honrar o compromisso feito a oito anos atrás de se casar.
Já estava sendo o alvo de piadinhas sem graça do povo da cidade, que a ridicularizavam fazendo apostas de quando seria o casório. E tanto tempo de espera fez Clio começar a ver que talvez esse compromisso poderia muito bem ser desfeito.
Ainda mais depois de herdar de seu tio falecido, nada mais, nada menos do que um castelo. Sim!!! Um castelo lindo e só pra ela (uau).
E quem em santa consciência iria querer se casar com um marquês que mal conhecia e que a enrolou por oito anos, depois de ter um castelo como propriedade? Nem Clio queria.
A moça viu que estava na hora de dar asas a sua liberdade e partiu ao encontro do seu "quase cunhado" para que ele pudesse assinar a papelada que a deixasse livre do compromisso de noivado. Mas fazer com que o irmão do marquês aceitasse, seria quase impossível.
Rafe Brandon, era lutador de boxe e totalmente o avesso do irmão mais velho. Se achava a maior de todas as decepções do pai, já falecido. Escolheu o ringue e a vida boêmia, com muitas mulheres, bebidas e diversão. Um duro, já que abandonou os negócios da família pela "liberdade".
"Rafe Brandon tinha conquistado a reputação de ser impiedoso nas lutas de boxe e sem-vergonha em todo o resto. Sua fama de acabar com as mulheres na cama era quase tão legendária quanto sua rapidez no ringue. Seu apelido era o Filho do Diabo."
Casar o irmão com Clio seria uma forma excelente de não ter que assumir as responsabilidades da família. Viver junto da aristocracia era algo que Rafe abominava totalmente.
Diante desse empasse, onde um quer que case e o outro não quer casar, surge proposta/aposta.
E assim o pecado em pessoa, Rafe Brandon, se vê como "visita" no castelo de Clio para que um convença o outro de suas ideias e certezas absolutas.
Rafe terá uma semana para convencer a Srta. Whitmore de que se casar com um marquês, seu irmão, é o melhor que ela tem a fazer. E vai tentar isso, usando seus truques e artimanhas nada convincentes de casamenteiro, com todo o glamour de uma festa de casamento e seus mais atrativos atributos sociais de um título de marquesa.
"Não vou assinar. Quando Piers voltar, você vai se lembrar das razões pelas quais aceitou ser a noiva dele... Você será uma marquesa...Guarde minhas palavras. Vou ver você se casar com meu irmão dentro de um mês - ainda que eu mesmo tenha que planejar o maldito casamento."
Clio Whitmore em contrapartida tentara convencer seu "ex-quase-jamais-cunhado" Rafe, de que não irá mudar nem uma vírgula de sua certeza de que não quer mais se casar com Piers, e fazer com que ele assine os documentos anulando seu compromisso de noivado.
"Porque eu olhei para o calendário, entende? Passaram-se oito anos desde que ele me pediu em casamento! Se você quisesse mesmo se casar com uma mulher, esperaria tanto tempo para torná-la sua?"
E nesse jogo de "mocinha e bandido" muito do que parece ser errado, acaba se tornando certo. E pode, até aparecer uma terceira opção.
Numa época em que os interesses sociais e econômicos falavam mais alto do que os verdadeiros sentimentos, valeria a pena dizer sim ao marquês ou ao que o destino está tentando traçar nos corações?
"Não era para ser desse jeito, ele disse. Nós vamos encomendar mais vestidos, que sirvam direito. Eu mesmo vou cuidar disso.
Não vai ser necessário. Ela virou as costas para ele e tirou o cabelo do pescoço. Só me ajude a tirar este.
Você quer que eu tire seu vestido?
E não era um vestido qualquer, mas um de noiva.
Solte os botões, só isso. Nem consigo me mexer. Estou aprendendo a sobreviver sem várias coisas - bolo, casamento, o respeito da Sociedade -, mas ainda não aprendi a viver sem ar.
Ele hesitou enquanto olhava fixamente a suavidade da nuca exposta e a coluna de botõezinhos minúsculos cobertos de seda, que não poderiam parecer mais inocentes - e que poderiam conduzi-lo direto para o inferno.
Por favor. Estou começando a me sentir tonta.
Praguejando em silêncio, ele pegou o botão mais alto. Que escolha tinha? Não podia deixá-la sufocar.
Você consegue?
Consigo. Ele apertou os dentes e desejou que seus dedos parassem de tremer.
Finalmente o primeiro botão escorregou de sua casa. E o polegar dele deslizou por baixo do tecido, roçando a pele macia das costas dela. Pronto. Agora ele tinha começado. Um botão já era e... Ele olhou para baixo. E parecia que ainda faltavam mil para terminar. Bom Deus. As costureiras eram pagas pela quantidade de botões? Procurou se concentrar na tarefa. Mais alguns botões e ele expôs o espartilho. Quantos espartilhos tinha visto durante a vida? Dezenas, com certeza. Talvez mais de uma centena. Nenhum o afetou tanto quanto o que tinha diante de si.
O aroma de violetas estava em toda parte. Era suave. O aroma o provocava. Estimulava seus sentidos. Se ela fosse qualquer outra mulher no mundo, já a teria deixado seminua a essa altura. Adicione o estimulo da inocente renda de marfim sobre o delicado rubor da pele dela e o coração dele queria pular para fora do peito. O sangue estava correndo para onde não devia.
Ele agarrou as bordas e soltou os últimos botões.
Pronto. Terminei. E não foi fácil.
O espartilho também, ela pediu.
Oh Deus!
Ele recuou, examinou o nó e encontrou a extremidade dos cordões. Quando segurou a ponta do laço entre o polegar e o indicador, sentiu como se tivesse em mãos o último fiapo de sua sanidade. Um puxão e ele iria se perder por completo."
