RESENHA: A Garota do Ônibus - Dayana Araújo

"Bom, vou logo avisando que não sou nenhuma mocinha boazinha, com falsas poses ingênuas. Se você está esperando alguém assim, pode desistir. Sou barraqueira, alguns dizem até que sou mal educada, mas ao longo da minha história, vamos analisar bem como cada pessoa encara a palavra: educação."

Conheci o livro A Garota do Ônibus através de book tour. Uma leitura gostosa, que flui tão bem, que terminei o livro em dois dias (poderia ter sido um, mas os compromissos não deixaram). 

Com 180 páginas, é claro que muitos irão dizer que é normal ler tão rápido. Mas se a história e a forma de escrever do autor não agradar ao leitor, nem em um mês dá pra ler tudo. E confesso que gostei bastante. 

A Garota do Ônibus é uma daquelas histórias que pode acontecer com qualquer um, já que todo mundo já andou de ônibus (ou quase todos... eu já). Com uma linguagem simples, sem muita enrolação nos acontecimentos, digo que o livro deu aquela relaxada que eu estava precisando nas minhas leituras, pois é bem divertido.

Apresento a vocês, Maria Elisa, de 19 anos, filha única de pais simples, humildes e batalhadores. Uma garota que fala o que quer e quando quer, sem travas na língua nem enrolação. Digamos que aos olhos de muitos, ela é uma barraqueira. Mas é que Elisa não tolera gente sem educação, que humilha as pessoas e acha que é o rei/rainha da cocada entenderam?!

"Não estranhem, esse era meu comportamento quando era insultada... Só que acho melhor poupar vocês..."

Quando Elisa consegue seu primeiro emprego como manicure e maquiadora em um salão, ela passa a pegar o mesmo ônibus, azul, todos os dias no mesmo horário, e acaba percebendo que todos os passageiros se conhecem.

" Coincidência ou não, peguei o mesmo ônibus azul, o qual parecia um chat de amizades. Pessoas rindo e felizes, que faziam questão de se conhecer ali. Era engraçado e irreverente!

E como sabemos, quando se vê as mesmas pessoas todos os dias, amizades tendem a surgir, e com Elisa não foi diferente.

Bonita como era, já foi logo chamando a atenção da ala masculina do transporte de todos os dias, e acabou surgindo o apelido de "miss buzão".

No ônibus azul, Eliza "a miss buzão" se divertia muito, junto de amigos que fizera, como o motorista Sr. Barriga, que era considerado como um pai. Serginho, o cobrador safado que cantava todas as mulheres e um de seus melhores amigos. Lindomar, uma das passageiras mais engraçadas que Elisa conheceu. Natan, o gato lindo e pagodeiro que rolou um clima bem interessante, e Mona "gostosona", a amiga que fizera no trabalho.

Juntos, essa turma era hilariante. Marcavam passeios, trocavam confidências, faziam festas (no ônibus em movimento claro) e presenciavam e participavam de muitos barracos, rs. Uma grande família em um ônibus azul.

Mas também conhecemos a vida de Elisa fora do ônibus, no dia-a-dia... em casa, no trabalho, no bairro, com seus BFF (Best Friend Forever - melhores amigos), sua família, paqueras...

" Toquei a campainha do Roger e, para minha surpresa, ele me atendeu de toalha. Todo molhado, com aqueles cabelos castanhos claros batendo no rosto e aquele brinquinho na orelha."

Quem vai para o trabalho, escola/faculdade... de transporte público sabe que na maioria das vezes se acaba pegando o mesmo transporte,  sempre com as mesmas pessoas, sabem mais ou menos do que eu tô falando. Tem pessoas de todo o jeito, e sempre tem aquela "esquentada" que não leva desaforo pra casa, e que detesta ver uma injustiça, uma folga e não fazer nada né. Essa é Elisa. 

Divertida, alegre, que mete os pés pelas mãos, apaixonada (indecisa), maluca, gostosa, barraqueira. Mas gente muito boa, de um coração enorme. Se você quer ler um livro leve e descontraído eu indico A Garota do Ônibus.

Porque quem é que não conhece ou tem uma Elisa na vida?