quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Primavera Editorial entrevista Teresa Garbayo dos Santos - Autora da obra "Conversando com Casais Grávidos"

Obra escrita pela psicológa Teresa Garbayo dos Santos a partir de estudos e da experiência em consultório, Conversando com Casais Grávidos surpreende ao convidar os leitores a um diálogo franco sobre as inseguranças, ansiedades e interrogações que caminham lado a lado com as alegrias inerentes à maternidade e  à paternidade. Na obra – composta por minitextos –  a escritora propõe que o conceito de gravidez seja ampliado para incluir efetivamente o homem; torná-lo cúmplice da mulher nesse processo, subvertendo a visão tradicional e machista sobre a gestação.
Embora a temática central seja dirigida a casais grávidos, a obra também é indicada a pais de filhos pequenos, sobretudo pelos capítulos relativos à educação. Conversando com casais grávidos reflete sobre os vários momentos do ciclo familiar, com as dificuldades e alegrias a serem vividas e as mudanças a serem feitas para manter a funcionalidade. A obra, que conta com ilustrações de Aliedo Kammar, integra o portfólio do selo EDU da Primavera Editorial.
Primavera Editorial entrevistou a autora sobre a inspiração, a pesquisa para a produção e os caminhos até a publicação do livro.
Primavera Editorial: Qual foi a inspiração para escrever Conversando com casais grávidos?

Teresa Garbayo dos Santos: “Conversando com casais grávidos” é fruto de vivências muito pessoais e de estudos e trabalhos na área da Psicologia. Penso que ter participado, na Núcleo Pesquisas, do curso de Terapia Familiar Sistêmica, foi um diferencial importante. O estudo intenso e a vivência clínica, tendo como foco a família com a sua disfuncionalidade e resistência à mudança, despertou o meu interesse por uma fase anterior. Comecei a pensar nos jovens que, levados pela paixão, iniciam uma vida em comum, mergulhados em sonhos, projetos e ilusões. E é esse mesmo casal que, anos depois, já com filhos, surge no consultório procurando ajuda para seus difíceis problemas familiares. Por que esperar tanto? Por que não atendê-los antes do nascimento do primeiro filho? O meu livro foi, então, escrito com esse objetivo – acompanhar o casal desde a gravidez até a formação da família com o nascimento dos filhos, pontuando questões capitais dessa relação que precisa se transformar continuamente para atender às necessidades que vão surgindo ao longo da vida. Procurei incluir o homem nesse processo desde o início, ressaltando o seu papel na constituição da família e na educação dos filhos. Nos tempos atuais, em que se discute muito a guarda compartilhada dos filhos, prefiro focar na gravidez compartilhada porque acredito que a cumplicidade do casal é o melhor caminho para manter a funcionalidade e a estabilidade familiar.

Primavera: Como é o seu processo de criação? Você tem uma rotina para escrever?

Teresa: Escrever, para mim, foi um mergulho total, não se resumindo a apenas algumas horas por dia na frente do computador. Fiquei ligada o tempo todo, procurando, a cada dia, melhorar o texto, torná-lo mais claro. Trabalhar com conceitos psicológicos, traduzindo-os numa linguagem de fácil compreensão para jovens sem conhecimento nessa área, não foi uma tarefa fácil. Fiquei completamente envolvida e mesmo quando me forçava a deixá-lo na “gaveta”, hibernando um pouco, permanecia intelectual e emocionalmente presa ao livro em construção.

Primavera: Como foi a pesquisa para a elaboração do texto?

Teresa: Reli os livros sobre terapia familiar que foram mais significativos para mim. Também anotações e escritos feitos por mim ao longo do tempo sobre a questão familiar. Revisitei Bowlby, que estudou intensamente o apego na relação mãe–filho. Também Winnicott, e outros mais.

Primavera: Por que optou por minitextos e ilustrações?

Teresa: Sempre pensei num livro para ser lido a dois, e fazê-lo em minitextos me pareceu a solução ideal porque possibilitam a leitura conjunta e facilitam o diálogo, a troca de ideias. É um livro que pode ser lido de uma vez ou aos poucos e que convida à reflexão e à releitura. Gosto de imaginá-lo na cabeceira do casal, sempre à mão, disponível para novas percepções e conversas. As ilustrações, aliadas ao texto, o tornaram mais atraente e o enriqueceram porque o olhar masculino do Aliedo Kammar complementou, de certa forma, a minha visão feminina. PE: Fale um pouco sobre a emoção de publicar um livro. Como o livro foi selecionado pela Primavera Editorial? TGS: É realmente emocionante, depois de meses pensando e trabalhando num produto que só existia virtualmente, tê-lo em mãos, real, lindo, diagramado e produzido com todo esmero. Penso que é um livro único, diferente na forma e no conteúdo e a Primavera Editorial, percebendo a sua singularidade, achou interessante publicá-lo.

Primavera: O que é, na sua visão, ser uma escritora? Qual o papel de uma escritora em um mundo em que o conhecimento nem sempre é tão associado à leitura?

Teresa: Escrever é um processo muito solitário que só se completa quando alguém, após a leitura do livro, diz o que achou, pensou, que reflexos trouxe para a sua vida, num retorno indispensável. Só nesse momento o processo criativo se completa e faz sentido. Vivemos numa sociedade letrada, e apesar da presença impactante e crescente da linguagem imagética, continuaremos a ser leitores. Penso que o papel do escritor deve permanecer o mesmo – encantar, provocar estranhamento, colocar questões, “engravidar” o leitor com novas ideias e sentimentos.

Primavera: Como definiria a sua obra?

Teresa: Penso que já defini o meu livro ao responder às primeiras questões.

Primavera: Qual foi o livro que “transformou a sua vida” e a incentivou a exercer, também, o ofício das letras?

Teresa: Sempre fui uma leitora voraz que, ainda  no começo da adolescência, ia às bibliotecas do colégio e do bairro à procura de bons livros. Como psicóloga, os livros que mais me influenciaram foram os escritos por Freud, Bowlby, Winnicott, Margareth Mahler, Salvador Minuchin, Jay Haley, entre muitos outros.

Primavera: Há algum escritor(a) que a influenciou?

Teresa: Como leitora apaixonada também por literatura, posso citar alguns autores que me têm feito companhia ultimamente, me proporcionando enorme prazer. Saramago, Antonio Lobo Antunes, Miguel Souza Tavares, Mario Vargas Lhosa, Milton Hatoum, Leonel Shriver são alguns deles. No momento, tenho lido Mia Couto.

Primavera: Qual é o “conselho” que daria aos novos escritores?

Teresa: Primeiro, ler, ler, ler muito. Depois, ousar na forma e/ou no conteúdo sem perder a clareza pode ser um bom começo.



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